Sustentabilidade em longo prazo das abordagens de prevenção do diabetes

Sustentabilidade em longo prazo das abordagens de prevenção do diabetes

Revisão Sistemática e Metanálise de Ensaios Clínicos Randomizados

J. Sonya Haw, Karla I. Galaviz, Audrey N. Straus, et al

Fonte: JAMA Intern Med. Published online November 6, 2017.

Importância: A prevenção do diabetes é imperativa para lentificar o crescimento global da morbidade e mortalidade associadas ao diabetes. Até o momento, a eficácia em longo prazo das estratégias de prevenção do diabetes permanece desconhecida.

Objetivo: Estimar o efeito agregado em longo prazo das diferentes estratégias de prevenção na incidência do diabetes.

Fonte de Dados: Busca sistemática no MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library, e Web of Science. A pesquisa inicial foi realizada em 14 de janeiro de 2014, e foi atualizada em 20 de fevereiro de 2015. Os termos de busca incluíram pré-diabetes, prevenção primária e redução de risco.

Seleção dos Estudos: Os ensaios clínicos randomizados elegíveis foram aqueles que avaliaram a modificação do estilo de vida (MEV) e as intervenções medicamentosas (acima de 6 meses) para prevenção do diabetes em adultos (18 anos) em risco de diabetes, relatando a diferença entre os grupos para a incidência de diabetes, publicados entre 1ºde janeiro de 1990 e 1ºde janeiro de 2015. Estudos avaliando terapias alternativas e cirurgia bariátrica, assim como aqueles incluindo participantes com diabetes gestacional, diabetes tipo 1 e 2, e síndrome metabólica, foram excluídos.

Extração de Dados e Síntese: Os revisores extraíram o número de casos de diabetes ao final da intervenção ativa nos grupos tratamento e controle. Foi utilizada metanálise de efeito randômico para obter o risco relativo (RR) e a taxa de incidência foi utilizada para computar a diferença de risco.

Desfechos e Medidas: O desfecho primário avaliou o RR de diabetes nos participantes com tratamento ativo vs controle. Os subtipos de tratamento (componentes da MEV e classes de medicações) foram estratificados. Para avaliar a sustentabilidade, foram examinados o pós-washout e o RR no seguimento para as medicações e para a MEV, respectivamente.

Resultados: Quarenta e três estudos foram incluídos e agrupadas na metanálise (49029 participantes: média da idade [desvio padrão], 57,3 [8,7] anos; 48% homens [n=23549]): 19 testaram medicações, 19 avaliaram MEV e 5 avaliaram medicações e MEV combinados. Ao final da intervenção ativa (variação 0,5 -6,3 anos), MEV foi associada com redução do RR de 39% (RR 0,61; IC95% 0,54-0,68), e medicações foram associadas com redução do RR de 36% (RR 0,64; IC8=95% 0,54-0,76). A diferença de risco observada para MEV e medicações foi 4,0 (IC 1,8-6,3) casos por 100 pessoas-ano ou um número-necessário-para-tratar (NNT) de 25. Ao final do washout e período de seguimento, os estudos de MEV (média de seguimento 7,2 anos; variação 5,7-9,4 anos) alcançaram uma redução do RR de 28% (RR 0,72; IC95% 0,60-0,86); os estudos de medicações (média de seguimento 17 semanas; variação 2-52 semanas) mostraram ausência de redução do RR (RR 0,95; IC95% 0,79-1,14).

Conclusões e Relevância: Em adultos em risco para diabetes, a MEV e as medicações (perda de peso e agentes sensibilizadores à insulina) reduziram a incidência do diabetes com sucesso. O efeito das medicações foi curto. As intervenções de MEV foram sustentadas for diversos anos; contudo, seu efeito foi reduzido com o tempo, sugerindo que intervenções para preservar seus efeitos sejam necessárias.