Rastreamento de neoplasia oculta em trombose venosa profunda não-provocada

Rastreamento de neoplasia oculta em trombose venosa profunda não-provocada

Marc Carrier, Alejandro Lazo-Langner, Sudeep Shivakumar, et al

Fonte: New England Journal of Medicine 2015, 373(8):697-704

Base Teórica: Trombose venosa profunda pode ser o sinal mais precoce de câncer. Atualmente, há uma grande diversidade de práticas de rastreamento de neoplasia oculta em uma pessoa com diagnóstico de trombose venosa profunda não-provocada. Nós procuramos avaliar a eficácia de uma estratégia que incluiu tomografia computadorizada (TC) de abdômen e pelve em pacientes com primeiro episódio de trombose venosa profunda não-provocada.

Métodos: Nós conduzimos um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, controlado, no Canadá. Pacientes foram randomicamente alocados para rastreamento limitado de neoplasia oculta (testagem sérica básica, raio-x de tórax, e rastreamento de câncer de mama, região cervical e próstata) ou para rastreamento limitado associado a TC. O desfecho primário foi câncer confirmado após 1 ano de seguimento e não-diagnosticado na estratégia de rastreamento inicial.

Resultados: Dos 854 pacientes que foram randomizados, 33 (3,9%) tiveram diagnóstico novo de neoplasia oculta entre a randomização e 1 ano de seguimento: 14  dos 431 pacientes (3,2%) no grupo de rastreamento limitado e 19 dos 423 (4,5%) no grupo de rastreamento limitado mais TC (P=0,28). Na análise do desfecho primário, 4 neoplasias ocultas foram perdidas (29%) pela estratégia de rastreamento limitado enquanto 5 (26%) foram perdidas pela estratégia de rastreamento limitado mais TC (P=1,0). Não houve diferença significativa entre os grupos no tempo médio para o diagnóstico (4,2 meses no grupo com estratégia de rastreamento limitado e 4,0 meses para o grupo com estratégia de rastreamento limitado mais TC, P=0,88) ou na mortalidade por câncer (1,4% e 0,9%, P=0,75).

Conclusão: A prevalência de neoplasia oculta foi baixa em pacientes com primeiro episódio de trombose venosa profunda não-provocada. Rastreamento de rotina com TC de abdômen e pelve não foi associado a benefício clinicamente significativo.