Efeito do Seguimento Programado com CEA e TC por 3 a 5 anos para a Detecção de Recorrência de Câncer Colorretal – Ensaio Clínico Randomizado FACS

Efeito do Seguimento Programado com CEA e TC por 3 a 5 anos para a Detecção de Recorrência de Câncer Colorretal – Ensaio Clínico Randomizado FACS

Fonte: JAMA. 2014;311(3):263-270.

Primrose JN, Perera R, Gray A, Rose P, Fuller A, Corkhill A, George S, Mant D, for the FACS Trial Investigators.

Resumo

O seguimento intensivo após cirurgia para câncer colorretal é prática comum, mas está baseado em evidências limitadas.

Objetivo: Avaliar o efeito da medida sanguínea de antígeno carcinoembriogênico (CEA) e da tomografia computadorizada (TC) como seguimento para detecção de câncer colorretal recorrente após tratamento com intenção curativa.

Desenho, Cenário e Participantes: Ensaio clinico randomizado em 39 hospitais do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido; 1.202 participantes elegíveis foram recrutados entre janeiro de 2003 e agosto de 2009, os quais haviam sido submetidos a cirurgia curativa para câncer colorretal primário, incluindo tratamento adjuvante quando indicado, sem evidência de doença residual na investigação.

Intervenções: Os participantes foram randomicamente alocados para 1 de 4 grupos: somente CEA (n=300), somente TC (n=299), CEA + TC (n=302) ou seguimento mínimo (n=301). O CEA sanguíneo foi medido a cada 3 meses por 2 anos e a seguir a cada 6 meses por 3 anos; a TC de tórax, abdome e pelve foi realizada a cada 6 meses por 2 anos, e a seguir anualmente por 3 anos; e o grupo do seguimento mínimo só foi submetido a exames em caso de sintomas.

Principais Desfechos e Medidas: O desfecho primário foi tratamento cirúrgico de recorrência com intenção curativa; os desfechos secundários foram mortalidade (total e por câncer colorretal), tempo para a detecção de recorrência e sobrevida após tratamento com intenção curativa da recorrência.

Resultados: Após uma média de 4,4 (DP 0,8) anos de observação, a recorrência do câncer foi detectada em um total de 199 participantes (16,6%; IC 95% 14,5% – 18,7%); 71 dos 1.202 participantes (5,9%; IC 95% 4,6% – 7,2%) foram tratados para a recorrência com intenção curativa, com pequena diferença em relação ao estadiamento Dukes (estágio A 5,1% [13/254]; estágio B 6,1% [34/553]; estágio C 6,2% [22/354]). O tratamento cirúrgico com intenção curativa da recorrência foi de 2,3% (7/301) no grupo de seguimento mínimo, 6,7% (20/300) no grupo CEA, 8% (24/299) no grupo TC e 6,6% (20/302) no grupo CEA + TC. Quando comparados com o grupo de seguimento mínimo, a diferença absoluta na porcentagem de pacientes tratados com intenção curativa no grupo CEA foi de 4,4% (IC 95% 1,0% – 7,9%; razão de chances [OR] ajustada 3,00; IC 95% 1,23 – 7,33), no grupo TC foi de 5,7% (IC 95% 2,2% – 9,5%; OR ajustada 3,63; IC 95%1,51 – 8,69), e no grupo CEA + TC foi de 4,3% (IC 95% 1,0% – 7,9%; OR ajustada 3,10; IC 95% 1,10 – 8,71). O número de mortes não foi significativamente diferente nos grupos de monitoramento intensivo (CEA, TC e CEA + TC; 18,2% [164/901]) quando comparados com o grupo de seguimento mínimo (15,9% [48/301]; diferença de 2,3%; IC 95%, -2,6% a 7,1%).

Conclusões e Relevância: Entre os pacientes submetidos a cirurgia com intenção curativa para câncer colorretal primário, o monitoramento intensivo por imagem ou CEA resultou em um aumento das taxas de tratamento cirúrgico com intenção curativa das recorrências quando comparado com seguimento mínimo; não houve vantagem na combinação CEA + TC. Se existe uma vantagem em termos de sobrevida para qualquer uma dessas estratégias, provavelmente seja pequena.

Registro do Estudo:  isrctn.org Identifier: 41458548