Associação entre IMC sexo-específico e doença coronariana: revisão sistemática e metanálise de 95 coortes com 1,2 milhões de participantes

Associação entre IMC sexo-específico e doença coronariana: revisão sistemática e metanálise de 95 coortes com 1,2 milhões de participantes

Morgana L Mongraw-Chaffin, Sanne A E Peters, Rachel R Huxley, et al

Fonte: The Lancet Diabetes and Endocrinology, Publicado online em 7 de maio de 2015.

Base teórica: O risco de desenvolver doença coronariana difere entre os sexos, e a evidência sugere que estas diferenças existem como um efeito dos fatores de risco coronarianos no risco vascular. Até o momento, a existência de uma diferença entre os sexos na associação entre o IMC e a doença coronariana não foi sistematicamente estudada. Já que existem dimorfismos sexuais na composição corporal, nós postulamos que a associação entre IMC e doença coronariana difere entre homens e mulheres.

Métodos: Nós sistematicamente pesquisamos o PubMed e o Embase, até fevereiro de 2015, em busca de estudos de associação longitudinal entre IMC e doença coronária em mulheres e homens, em estudos de coorte de base populacional. Nós excluímos estudos se houvesse dados em duplicata com outro estudo, relato apenas do IMC em percentil ou Z escore, ausência de relato da estimativa de incerteza, ausência de relato da estimativa específica para sexo, inclusão de indivíduos principalmente com história prévia de doença cardiovascular ou de populações selecionadas, e artigos cujo texto não estivesse disponível em inglês. Nós também incluímos dados de participantes individuais de quatro grandes estudos. Os resultados do estudo foram agrupados utilizando modelos de efeito aleatórios com variância inversa conforme o peso do estudo. Nosso desfecho primário predefinido foi a taxa de risco (Hazard Ratio, HR, ou equivalente) ajustada para idade entre mulheres e homens relacionando IMC (variável contínua e categórica) e doença coronariana.

Resultados: Nós revisamos um total de 8.561 entradas originais, duas vezes, para inclusão na análise, sendo que 32 estudos foram elegíveis. Dados de 95 coortes, 1.219.187 participantes e 37.488 casos incidentes de doença coronária foram incluídos. IMC mais elevado foi significativamente associado com doença coronariana ajustada para idade: para uma unidade (kg/m²) de aumento no IMC, o risco (HR) foi de 1,04 (intervalo de confiança de 95%, 1,03-1,05) para mulheres e de 1,05 (1,04-1,07) para homens. Comparado com pessoas de peso normal, o risco (HR) ajustado para idade de doença coronariana do grupo com baixo peso foi de 1,25 (1,05-1,49) em mulheres e 1,09 (0,91-1,23) em homens; para o grupo com sobrepeso 1,20 (1,12-1,29) em mulheres e 1,22 (1,12-1,32) em homens; e para o grupo com obesidade 1,61 (1,42-1,82) para mulheres e 1,60 (1,43-1,79) em homens. De forma geral, a associação não foi diferente entre os sexos. A razão do risco mulheres-homens foi de 0,99 (0,98-1,00) para o aumento de uma unidade no IMC, de 1,10 (0,91-1,32) para o grupo com baixo peso, 0,99 (0,92-1,07) para o grupo com sobrepeso, e 1,06 (0,95-1,17) para o grupo com obesidade, em relação ao grupo com peso normal. Resultados similares foram obtidos após múltiplos ajustes e na análise de sensibilidade.

Interpretação: IMC elevado, medido de forma contínua ou categórica, tem o mesmo efeito deletério para o risco de doença coronariana em homens e mulheres de diversas populações.