Ivabradina em Cardiopatia Isquêmica Estável sem Clínica de Insuficiência Cardíaca.
Fox K, Ford I, Steg PG, Tardif JC, Tendera M, Ferrari R; the SIGNIFY Investigators.
Fonte
N Engl J Med. 2014 Aug 31 [publicação eletrônica prévia a impressa]
Resumo
Introdução: A frequência cardíaca elevada é um marcador de risco cardiovascular. Análises prévias têm sugerido que ivabradina, um agente redutor da freqüência cardíaca, poderia melhorar os desfechos em pacientes com doença arterial coronariana estável, disfunção ventricular esquerda, e freqüência cardíaca acima de 70 batimentos por minuto.
Métodos: Foi conduzido um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, usando ivabradina adicionada a terapia padrão em 19.102 pacientes com doença arterial coronariana estável sem insuficiência cardíaca e com freqüência cardíaca de 70 batimentos por minuto ou mais (incluindo 12.049 pacientes com angina limitante [classe ≥ II na escala da Sociedade Cardiovascular Canadense, a qual varia de I a IV, com classes mais altas indicando maiores limitações na atividade física em decorrência da angina]). Os pacientes foram randomicamente alocados para placebo ou ivabradina, em dose até 10 mg duas vezes ao dia, com a dose ajustada de forma a atingir uma freqüência cardíaca alvo de 55 a 60 batimentos por minuto. O desfecho primário foi composto de morte por causa cardiovascular ou infarto do miocárdio não fatal.
Resultados: Aos três meses, a média (±DP) da freqüência cardíaca dos pacientes foi de 60,7±9,0 batimentos por minuto no grupo ivabradina contra 70,6±10,1 batimentos por minuto no grupo placebo. Depois de um seguimento mediano de 27,8 meses, não houve diferença significativa entre os grupos ivabradina e placebo na incidência de desfechos primários (6,8% e 6,4%, respectivamente, razão de risco 1,08; IC 95% 0,96 a 1,20; p=0,20), e tampouco nas incidências de morte por causa cardiovascular ou infarto agudo do miocárdio. A ivabradina esteve associada a um aumento da incidência de desfechos primários entre pacientes com angina limitante de atividade física, mas não entre aqueles sem angina limitante (p=0.02 para interação). A incidência de bradicardia foi maior com ivabradina em relação ao placebo (18,0% x 2,3%, p<0,001).
Conclusões: Entre pacientes com doença arterial coronariana estável sem insuficiência cardíaca, a adição de ivabradina a terapia padrão para a redução da freqüência cardíaca não esteve associada a melhora de desfechos.
Financiado por Servier; SIGNIFY Current Controlled Trials número ISRCTN61576291