Tratamento conservador versus intervencionista para pneumotórax espontâneo

Tratamento conservador versus intervencionista para pneumotórax espontâneo

Simon G.A. Brown, Emma L. Ball, Kyle Perrin, et al

Fonte: N Engl J Med 2020; 382:405-415

Base teórica: É incerto se o manejo conservador é uma alternativa ao intervencionista para o tratamento do pneumotórax espontâneo primário, moderado a grande, não complicado.

Métodos: Neste estudo de não inferioridade, aberto, multicêntrico, nós recrutamos pacientes de 14 a 50 anos de idade com primeiro pneumotórax espontâneo, unilateral, moderado a grande, não complicado. Os pacientes foram randomicamente alocados para tratamento intervencionista imediato do pneumotórax (grupo intervenção) ou para uma abordagem observacional conservadora (grupo conservador) e foram seguidos por 12 meses. O desfecho primário foi reexpansão pulmonar em 8 semanas.

Resultados: Um total de 316 pacientes foram randomizados (154 pacientes para o grupo intervenção e 162 para o grupo conservador). No grupo de manejo conservador, 25 pacientes (15,4%) precisaram intervenção para o manejo do pneumotórax, por razões especificadas previamente no protocolo, e 137 (84,6%) não precisaram intervenção. Em análise dos casos com dados completos, onde os dados não estavam disponíveis para 23 pacientes no grupo intervenção e 37 no grupo conservador, a reexpansão em 8 semanas ocorreu em 129 dos 131 pacientes (98,5%) com manejo intervencionista, e em 118 dos 125 (94,4%) dos pacientes com manejo conservador (diferença de risco -4,1%; intervalo de confiança de 95% [IC95%] -8,6 a 0,5; P=0,02 para não inferioridade); o limite inferior do intervalo de confiança de 95% está dentro da margem de não inferioridade estabelecida previamente de -9%. Em análise de sensibilidade, na qual todos os dados faltantes depois de 56 dias foram imputados como falha terapêutica (com reexpansão em 129 dos 138 pacientes [93,5%] no grupo intervenção e em 118 dos 143 [82,5%] no grupo conservador), a diferença de risco de -11% (IC95% -18,4 a -3,5) ficou fora da margem de não inferioridade. O manejo conservador resultou em menor risco de eventos adversos ou recorrência do pneumotórax do que o tratamento intervencionista.

Conclusão: Embora o desfecho primário não tenha sido estatisticamente robusto para a pretensão conservadora, o estudo fornece modesta evidência que o manejo conservador do pneumotórax espontâneo primário foi não inferior ao manejo intervencionista, com um menor risco de eventos adversos graves.