Suplementação com vitamina D e risco de doença cardiovascular em mais de 83.000 indivíduos em 21 estudos clínicos Metanálise

Suplementação com vitamina D e risco de doença cardiovascular em mais de 83.000 indivíduos em 21 estudos clínicos

Metanálise

Mahmoud Barbarawi, Babikir Kheiri, Yazan Zayed, et al.

Fonte: JAMA Cardiology

Publicado online em 19 de junho de 2019

Importância: Estudos observacionais têm reportado uma associação entre os níveis baixos de vitamina D e o elevado risco de eventos cardiovasculares (CV), mas estes estudos não podem provar causalidade devido aos confundidores não mensurados.

Objetivos: Nós conduzimos uma metanálise de ensaios clínicos randomizados que testaram a associação da suplementação de vitamina D com redução de eventos CV e mortalidade por todas as causas.

Fontes: Pesquisa na literatura disponível no PubMed, Cochrane e Embase foi realizada por 2 pesquisadores, do início das bases de dados até 15 de dezembro de 2018.

Seleção de estudos: Critérios de inclusão foram ensaios clínicos randomizados que descreveram o efeito a longo prazo (≥1 ano) da suplementação de vitamina D nos eventos CV e mortalidade por todas as causas. Estudos que não incluíram desfechos CV foram excluídos.

Extração dos dados: Os dados foram extraídos por 2 autores independentemente. Modelo de efeitos aleatórios foram utilizados para reportar o risco relativo (RR) e o intervalo de confiança (IC) de 95%.

Desfechos e medidas: Os eventos CV maiores foram o desfecho primário. As taxas de infarto agudo do miocárdio, acidente cerebrovascular, mortalidade CV e mortalidade por todas as causas foram os desfechos secundários.

Resultados: 21 ensaios clínicos randomizados foram incluídos (incluindo 83.291 pacientes, dos quais 41.669 receberam vitamina D e 41.622 receberam placebo). A média (desvio-padrão) da idade dos participantes dos estudos foi de 65,8 (8,4) anos; 61.943 (74,4%) eram mulheres. Apenas 4 estudos tinham evento CV como desfecho primário predeterminado. A suplementação com a vitamina D comparada ao placebo não foi associada à redução dos eventos CV maiores (RR 1,00 [IC95% 0,95 – 1,06]; P=0,85), nem desfechos secundários de infarto do miocárdio (RR 1,00 [IC95% 0,93-1,08], P=0,92), acidente cerebrovascular (RR 1,06 [IC95% 0,98-1,15], P=0,16), mortalidade CV (RR 0,98 [IC95% 0,90-1,07]; P=0,68), ou mortalidade por todas as causas (RR 0,97 [IC95% 0,93-1,02], P=0,23). Os resultados foram geralmente consistentes para sexo, nível de 25-hidroxivitamina D basal, dose de vitamina D formulada (diária vs em bolo), e presença ou ausência de coadministração com cálcio.

Conclusão e relevância: Nesta metanálise atualizada, a suplementação de vitamina D não foi associada com redução dos eventos CV maiores, desfechos CV individuais (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e mortalidade CV), ou mortalidade por todas as causas. Os resultados sugerem que a suplementação com vitamina D não confere proteção CV e não é indicada para esta finalidade.